Precisamos falar sobre a Milícia em Macapá

Thomaz Tavares
3 min readNov 6, 2017
Milícia atuando no RJ / Milícia representada no filme Tropa de Elite 2

Em outubro, tivemos a triste notícia que um policial morreu em um confronto com assaltantes. Lamentável. Sabemos o quanto é necessário pensarmos e executarmos políticas públicas para a segurança pública numa capital como Macapá. Com esse advento, surgiu algo que já acontece em vários lugares do Brasil, e que é muito temido; eles se vestem com a capa de proteger a população de bandidos, traficantes, e as pessoas compram esse discurso, pensando que haverá paz por onde eles passarem, mas, a realidade é outra. A MILÍCIA não quer proteger a sociedade, ela tá pouco se importando pro sono tranquilo do trabalhador, ou se alguém vai ser assaltado no caminho de volta pra casa. A MILÍCIA, atua unicamente para defender interesses de grupos específicos (políticos e empresários)e para dar continuidade a política de extermínio a população periférica das cidades em que existe esse tipo de grupo.

A MILÍCIA não habita apenas na esfera da execução, ela controla redes de tráfico de drogas, tráfico de orgãos, tráfico de pessoas, de prostituição… Coisas que ficam longe da realidade do cidadão Amapaense, e que por muitas vezes permeia o imaginário. Porém, existe outra Macapá que muitos nem imaginam que existe, e que é controlada, veja você, por quem foi designado para proteger a população.

Em 2015, houve uma enquete no Jornal do Dia que a chamada era: Você concorda que exista MILÍCIA armada em Macapá? A resposta é que de 44 pessoas entrevistadas, 34 disseram que existe sim milícia em Macapá e acham que a cidade tem um ambiente propício para isso acontecer.

No último dia 20 de outubro, tivemos o fato que ficou conhecido como "Madrugada Sangrenta" foram seis pessoas mortas, com tiros precisos na cabeça e no abdómen. Todos tinham passagem pela polícia. Os executores estavam em dois carros e encapuzados.

fonte: G1/Amapá

Na madrugada desta segunda (06), tivemos mais uma ação do "pelotão de extermínio". Quatro jovens foram baleados, sendo que dois dele nem tinham passagem pela polícia. Dois deles não resistiram, e vieram a óbito.

Pra mim, só existe um nome pra isso que estão chamando de "atirador do carro preto", "justiceiro", ou até mesmo de "herói", o nome disso é MILÍCIA.

E MILÍCIA precisa ser COMBATIDA, pois não é justo, não é humano! Por maior o crime que o indivíduo tenha cometido, precisamos prezar que ele tenha direito a um julgamento, que seja levado aos tribunais, e que, de acordo com a lei (e aqui não estou sendo legalista, ou mesmo a favor desse judiciário que é corrupto, branco e elitista, mas não podemos apenas fazer justiça com as próprias mãos), seja julgado e condenado.

"AAA MAS A MILÍCIA MATA OS BANDIDOS QUE O JUIZ SOLTA…"

Isso não é justificativa para apoiar o DISCURSO LEVIANO E MENTIROSO DOS MILICIANOS. Eles NÃO SERVEM A SOCIEDADE, e é preciso alertar a todos o quanto antes que o papel que eles dizem desempenhar de "representar o Estado" é uma falácia, que só fortalece o grupo paramilitar, e seus padrinhos políticos — pois sabemos muito bem a quem milícia serve, e em Macapá, não seria diferente.

Com isso, temos que nos perguntar, sem carregar ódio, rancor ou mesmo ranço:

É esse tipo de política de segurança que precisamos? São essas as pessoas que irão salvar as comunidades? Justiça, se faz com ódio?

Questionamentos que permeiam a cabeça de quem, mesmo que por hora pessimista, ainda acredita que SÓ a mobilização popular pode frear qualquer investida contra nossos direitos.

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