Extermínio da Juventude, Direitos humanos e Políticas Públicas

Thomaz Tavares
3 min readOct 20, 2017

Um policial é morto a tiros em Macapá. É o que basta pra podemos presenciar aquele velho derramamento de opiniões facistas, carregadas de ódio sendo vomitada aos quatro cantos: "bandido bom, é bandido morto", "Ah lá, o Direitos dos Manos", "porque não foi teu pai", "A sociedade precisa se armar". Seja nos comentários do site daquele jornalista (que é de se perder a esperança na humanidade), seja na timeline daquela rede social, que estão parentes, amigos, pessoas do teu convívio, e que a cada postagem de comemoração pela morte de um ser humano (sim, um ser humano, aceita que dói menos!), e é com esses acontecimentos que podemos medir o quanto que retrocedemos, sob a ótica de tentar, no mínimo entender essas questões.

Temos ai, mais uma vez a chance de nos perguntar: a quantas vai a segurança pública no Amapá? Temos um secretário que atua de forma totalmente distante da realidade das comunidades, promovendo um tipo de política de repressão e criminalização da juventude, e formando uma polícia violenta e punitiva; sem instrução, sem acompanhar, e muito menos dar continuidade em projetos que poderiam reduzir drasticamente esse cenário de guerra que vive a cidade de Macapá.

A PM no Estado do Amapá, não tem um histórico de agir com violência extrema como em outros lugares do Brasil, não possui um carácter de guerra, não sai na captura de grandes chefes do tráfico, ou mesmo de grandes corruptos (aliás, sabemos que eles nunca irão fazer isso), e muito menos opera com blindados ou fuzis. Temos, de certa forma, uma polícia que cumprem funções corriqueiras: blitz, estourar uma boquinha de fumo, prender um ladrão de mini-box, atender ocorrências de desentendimento, dar aquela revista nos jovens negros no Parque do Forte aos domingos pra mostrar que existe efetividade no serviço.

Então fica alguns questionamentos: Por quê usar de tanta truculência? É realmente necessário a PM sentenciar o destino das pessoas? Os Policiais precisam mesmo passar por um treinamento de guerra para patrulharem no Araxá/Pedrinhas, Congós, Brasil Novo, Mucajá, Macapaba?

No atual momento que passa o sistema de segurança pública no Amapá, como encontrar uma solução/plataforma para se debater a fundo essas mazelas? De que forma fazer? Como mobilizar a população? Como entender as demandas? Como estruturar isso numa pauta séria? Quem chamar para o debate? De que forma organizar os CONSEG's (Conselhos Comunitários de Segurança Pública), que foram criados em 2012, e não existe se quer um que possa se manifestar sobre as constantes operações da PM, sobre o fechamento dos bares e o enfraquecimento da cultura e do lazer da cidade, que possam exercer sua função social e assim acompanhar de perto as ações da PM, de forma transparente e com ativa participação da comunidade, formando um conselho representativo e atuante que possa debater e encontrar soluções, juntamente com a SEJUSP. Existe até o Fundo Estadual de Segurança Pública do Estado do Amapá — FUNSEP que cria recursos para os conselhos poderem se organizar e executarem suas ações. Apesar de parecer burocrata, e pra muitos talvez seja mesmo, se não mostrarmos de fato ao que viemos, que estamos ali de forma séria, cobrando, apresentando dados, números, que podemos usar esse sistema deles ao nosso favor, no sentido de hackear mesmo, nunca iremos passar de jovens fazendo atos culturais nas praças ( o que é deveras importante, a população saber que estamos ocupando os espaços públicos para reivindicar nossos direitos, porém não criamos indicadores reais), e só isso não basta!

Também não precisamos ficar alimentando o debate sobre a questão dos direitos humanos pois parece que a maioria das pessoas fazem questão de se quer tentar entender o que é, sendo assim, vou deixar o link na íntegra da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS , mesmo acreditando que ainda sim muita gente não irá entender.

Na realidade, temos que ficar atentos para não deixarmos pendurar esse atual modelo de segurança pública, pois todos perdem: perde a pessoa comum, perde o agente público, e com isso a esperança de mudança também se perde.

Vivemos em tempos que cada vez mais é preciso reafirmar, e fazer com que todos reconheçam que apenas a INICIATIVA POPULAR oriunda das bases, pode adentrar nesse sistema e fazer valer as reais necessidades dos que mais trabalham para construir esse estado: o Povo!

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar. —
Bertold Brecht

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