Elon Musk e o Golpe na Bolívia

Thomaz Tavares
3 min readJul 26, 2020

O que o empresário bilionário, dono da tesla, e a 5ª pessoa mais rica do mundo, tem a ver com o golpe que aconteceu na Bolívia, que teve como objetivo derrubar o governo de Evo Morales? Evo havia sido eleito na época, mas após eleições de 2019 uma onda de manifestações tomou conta do país, e a mensagem passada pelos manifestantes era que as eleições haviam sido fraudadas.

Mineral lítio usado em baterias de celular e de carros elétricos
Lítio usado em bateria de celulares e de carros elétricos

Hoje (25), ao responder numa rede social, Elon Musk disse que:

“Nós vamos dar golpes em quem nós quisermos! Lide com isso”

Afirmou o bilionário ao ser questionado nas redes sobre o seu papel no golpe orquestrado na Bolívia em outubro do ano passado em razão das reservas de lítio presentes no país.

Golpe na Bolívia e as contradições da OEA

A OEA na época concluiu em relatório que as eleições na Bolívia estavam sob fortes indícios de terem sido fraudadas a partir de falsificação de assinatura, e adulterações de ata. Entretanto, no dia 10 de Março de 2020 a CEPR (Centro de Investigação em economia e política), com sede nos Estados Unidos, publicou em artigo de nome “Observando a los observadores: La OEA y las elecciones bolivianas de 2019 (Observando os observadores: A OEA e as eleições bolivianas” que aponta uma série de irregularidades e análises errôneas na produção do relatório:

“Está claro o relatório final da OEA, que a organização apresentou como a última palavra sobre o que aconteceu nas eleições da Bolívia, não possuem evidências necessárias para demonstrar que uma fraude afetou os resultados eleitorais”, disse o pesquisador Jake Johnston, um dos responsáveis pelo estudo: “Na verdade, parece haver a intenção de justificar acusações feitas pela OEA no dia seguinte as eleições, que foram apressadas, e, em últimas instâncias, indefensáveis, mas muito prejudiciais.”

Bolívia, e o triângulo do lítio

Mais de 50% dos depósitos de lítio globais se encontram no ‘Triângulo do Lítio’ — com fontes do material concentradas na Argentina, Bolívia e Chile. Os desertos montanhosos da Bolívia — o Salar de Uyuni — têm de longe as maiores reservas conhecidas”, segundo reportagem do Brasil de Fato.

Evo Morales denunciava, quando estava no poder, que o lítio não deveria ser vendido a multinacionais. Após o golpe, a tendência, como acenou o candidato a vice da atual presidente usurpadora Jeanine Áñez, é a abrir as portas para que empresas como a Tesla explorem o recurso no país.

Não é difícil de encontrar em sites de buscas, a evolução social, cultural e política que a Bolívia teve nos últimos anos. O país saiu de condições de pobreza e desigualdade no inicio dos anos 90, para um cenário mais amplo quanto a diminuição dessas mazelas. Um investimento massivo nos setores públicos, e fortalecimentos das estatais, permitiram ao governo Evo investir recuperar o orgulho do povo Boliviano.

Tesla e SpaceX: a tecnologia do velho neocolonialismo

O processo de exploração dessas grandes empresas sobre países da latinoamérica ocorre numa lógica golpista que de tempos em tempos entra para enfraquecer democracias, confundir a cabeça da população, e colocar elas do lado oposto da defesa de sua soberania e de sua instituições.

A entrega de setores estratégicos de um país como: reservas de minério, gás, petróleo, e setores de energia, para o capital estrangeiro, deixa a população daquele país exposta, além de enriquecer grupos econômicos unicamente para atender as demandas do mercado.

O que a Tesla e a SpaceX fazem ao participar de golpes políticos dessa natureza, só deixa bastante claro qual o interesse está por trás da narrativa de “economia sustentável” ou de “energia limpa” que essas empresas espalham por ai. Não podemos esquecer que a lógica neocolonialista está justamente pela interferência nos assuntos políticos e econômicos do país a ser dominado, e isso inclui, também, meios intervencionistas, que nós aqui da América do Sul já conhecemos bem.

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